Veículo: Jornal Vanguarda do Norte
Editoria: Economia
Tipo notícia: Artigo
Página: 10
Data de publicacao: 28/03/2023
Origem da notícia: Iniciativa da mídia
Categorias: FIEAM | Polo Industrial de Manaus | Suframa
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O CBA, o CURAUÁ e a FESTA da Suframa

Nelson AzevedoNelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Mat. Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.O ministro Alckmin, da Indústria e Comércio, compreendeu rapidamente o paradoxo e o constrangimento que essa contradição do dever omitido representa. Compreendeu, também, que no traçado da Rodovia BR-319, que já ligou Manaus ao resto do país, existem, também em abundância, uma centena de espécies de palmeiras oleaginosas, segundo pesquisadores do INPA, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Isso significa um tesouro biológico de inestimável valor.O que é o curauá? Para que serve e por que ele será resgatado nesta reflexão sobre a presença do ministro Geraldo Alckmin, que também é vice-presidente da República, foi governador de São Paulo e a estrela de uma grande festa ocorrida no último dia 24 de Março, data da 308a reunião do Conselho de Administração da Suframa? Destacamos aqui a visita do ilustre convidado ao Centro de Biotecnologia da Amazônia, ora denominado Centro de Bionegócios, que será (?) transformado em OS, Organização Social ora tramitando na burocracia federal.Resiste, macia, leve e reciclávelCurauá (Ananas erectifolius) é uma bromélia da flora amazônica, com ocorrência abundante em todo o bioma. Da mesma família do abacaxi, o curauá, porém, não dá frutos e sim uma fibra extraordinariamente resistente, macia, leve e reciclável. E já foi testada e aprovada em alguns experimentos capazes de substituir a fibra de vidro, usada em veículos automotores, celulares e produtos eletrônicos. Um tesouro Industrial auspicioso do ponto de vista da sustentabilidade revolucionária. O curauá, levado aos laboratórios de nanobiotecnologia avançada, em pouco tempo, substituiria o conceito, adoção e produção da indústria 4.0, baseada em insumos da Amazônia. A fibra descartável ou reciclável em oposição à fibra de vídeo que demora até 400 mil anos par degradar. Com um detalhe: a propagação em alta escala em laboratórios, já está consolidada pelo CBA há mais de uma década.Cobranças indevidasAs razões que explicam o descaso com essa obviedade não se esgotam na indefinição do modelo de negócios da instituição. O CBA ainda não existe juridicamente. E todo mundo sabe a razão. O DNA da criança e a paternidade vaidosa de seus resultados e benefícios. Sua pedra fundamental foi instalada em 1998, ou seja, 25 anos atrás. Sua concepção surgiu como diversificação e adensamento do Polo Industrial de Manaus, um Polo de Biotecnologia. Seu financiamento se baseou nas contribuições compulsórias das taxas da Suframa, a maçaroca de cobranças indevida.E o banco genético?Vale lembrar que neste meio tempo, as verbas compulsórias de P&D, recolhidas pelas empresas da ZFM "insuflaram" o FNDCT, Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Estes recursos, juntamente com as tais taxas da Suframa, tiveram diversas utilidades federais, incluindo pesquisas do agrobusiness, repasses ao BNDES, Ciências sem Fronteira e a cota de todo o MDIC para formação do superávit primário. Pouco ou quase nada para transformar o banco genético da Amazônia em fármacos, dermocosméticos e alimentos funcionais, os rentáveis suplementos.Palmeiras da BRBR-319O ministro Alckmin, da Indústria e Comércio, compreendeu rapidamente o paradoxo e o constrangimento que essa contradição do dever omitido representa. Compreendeu, também, que no traçado da Rodovia BR-319, que já ligou Manaus ao resto do país, existem, também em abundância, uma centena de espécies de palmeiras oleaginosas, segundo pesquisadores do INPA, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Isso significa um tesouro biológico de inestimável valor. Bem administrada e fiscalizada o traçado da rodovia poderia ser entre outras benfeitorias, o reflorestamento e adensamento das áreas degradadas com essas oleaginosas, observadas pela indústria do Polo Industrial de Manaus e do mundo inteiro nos mais diversos setores. É claro, sempre dentro dos critérios rigorosos o desenvolvimento sustentável.ADPF, a lei nos protegeE o que nós deveríamos fazer com tudo isso além de lamentar repetidamente? Com certeza essa é a questão, não apenas para respondermos aos questionamentos frequentes que nos desafiam. Óbvio que passou da hora de enfrentar com a força da Lei essa negligência generalizada e perpetuada. Todos os anos, todos os governantes proferem as mesmas promessas e nós reprisamos os mesmos aplausos. A Lei nos protege e o bom senso desafia nossa determinação. Entre os instrumentos está a obrigação de fazer. E um deles se chama ADPF, Arguição de Descumprimento de Preceitos Fundamentais. Ora, se temos conhecimento, geramos recursos, os insumos são necessários e os benefícios foram tantas vezes protelados, abracemos a Lei e passaremos a dizer ao nosso travesseiro a inusitada satisfação do dever cumprido.